Deriva por Lavapiés

Chegamos em Madrid em pleno dia 25 de dezembro – mas no caminho do Aeroporto de Barajas ao centro só o comércio nas propagandas do metrô nos lembrou que era natal. Nos instalamos em Lavapiés, bairro da região central de Madrid, para ficarmos uns dias antes de uma viagem a Portugal.
Lavapiés é o bairro multicultural de Madrid: africanos, paquistaneses, indianos (ou seriam de Bangladesh?) dominam as calles estreitas com seus restaurantes, mercados, lojas e em conversas acaloradas em diversos idiomas pelas esquinas do Bairro. Ouve-se menos o espanhol que o árabe ou alguma das diversas línguas do continente africano ou da Índia.
Por outro lado, há vários, bons e baratos bares e restaurantes espalhados pelo bairro que parecem ser mais frequentados por espanhóis do que por estrangeiros. Turistas são mais raros, dizem que não costumam passar tanto pela Calle de Atocha, uma das divisões que separam Lavapiés, ao sul, do Barrio de Las Letras, ao norte, região conhecida por ser o berço de artistas como Miguel de Cervantes, Quevedo e Lope de Vega.
Lavapiés é um bairro de contraculturas também. Além das provenientes dos imigrantes, há resistência em stêncils, grafites, livrarias (a excelente Traficante de Sueños fica aqui, na plaza Tirso de Molina), centros/ocupações culturais (a imponente Tabacalera está numa das pontas da região). E praças, como a Esta es Una Plaza, uma praça comunitária auto organizada que tornou um terreno abandonado há mais de 30 anos pelo Ayuntamiento de Madrid (Prefeitura) em um espaço público de cuidado, autogestão e organização instalado no meio do bairro. Teve sua origem em 2008, a partir de um taller de intervenção urbana idealizado pelo colectivo Urbanacción, segundo a rede de hortas urbanas de Madrid. Hoje funciona com diversas atividades mantidas pelos moradores do entorno.
Voltaremos a Madrid mais adiante, em fevereiro.

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